Existe uma sequencia correta para ligar os pedais de efeito?
- Christian Senczuck
- 17 de abr. de 2018
- 6 min de leitura
Atualizado: 23 de abr. de 2018
No post de hoje resolvi contribuir com um assunto exaustivamente discutido via internet há muitos anos, com difícil consenso ou até mesmo uma resposta que expresse a verdade absoluta. O que existem são recomendações das fábricas ou sugestões pessoais de vários músicos sobre a sequencia mais correta (na opinião deles) em que devem ser colocados os pedais no pedalboard. Por exemplo, o Gustavo Guerra gravou dois vídeos no canal YouTube da SANTO ANGELO sobre este tema. Confira:
CADÊNCIA DE PEDAIS by GUSTAVO GUERRA Parte 1
CADÊNCIA DE PEDAIS by GUSTAVO GUERRA Parte 2
Como já disse várias vezes aqui no blog da SANTO ANGELO, a busca por timbres de guitarra que satisfaçam ao músico chega a ser uma obsessão que eu acho totalmente saudável, pois o timbre do nosso instrumento musical é o “transmissor” da emoção para os nossos ouvidos e para os ouvidos dos outros. Por isso, é que sempre estamos testando, comprando, vendendo ou trocando nossos instrumentos e respectivos pedais e outros acessórios. Afirmo novamente que como não existe a verdade absoluta, vocês devem experimentar muito, pesquisarem e usarem, dentro das possibilidades financeiras de cada um, tudo o que for possível para atingir um timbre que agrade seus ouvidos. E por falar nisso, brevemente explicarei melhor como cuidar da sua saúde auditiva.
Quando eu era adolescente, tinha uma guitarra Tonante e uma caixa amplificada que apresentava um timbre que infelizmente não me desagradava, mas foi o que eu tive condições de comprar. Pensei na época em comprar um pedal para melhorar o timbre. Consegui comprar um pedal de efeito de Heavy Metal da marca Chorus, que não existe mais. Naquela época, só quem tinha boas condições financeiras conseguia comprar algo melhor. A surpresa foi que o meu timbre ficou pior ainda. Este fato despertou-me o interesse em estudar a sequência e, principalmente, a qualidade do sinal gerado na guitarra. E como não existia a rede web e o Google ainda engatinhava, o meu aprendizado neste tema foi lento e difícil devido à falta de livros ou artigos específicos. Quem sabia, guardava o conhecimento para si e não dividia.
Desta forma, descobri que PEDAL NÃO FAZ MILAGRE, ou seja, efeito algum vai suprir a falta das frequências que seus cabos “mataram” ou pela má qualidade de seu amplificador, guitarra, captadores ou cordas. Outro acessório a parte é a fonte que alimenta os pedais: se não for de boa qualidade, irá contribuir com ruídos e funcionamento inadequado do efeito do pedal. Hoje em dia continuo buscando novos timbres, mas também busco um preço justo para meus instrumentos e acessórios, sem ter que apelar para fornecedores e sites duvidosos.
Após esta breve introdução vamos falar sobre a ordem dos pedais. Vale a pena lembrar que existem basicamente dois tipos: analógicos e digitais, que podem ser misturados sem problema algum. Não abordarei neste post os multi-efeitos conhecidos como pedaleiras. Todavia, se vocês pedirem, eu coloco este tema em pauta para os posts futuros.
Bem, a primeira resposta para a pergunta: existe ordem para pedais é: NÃO. O que existe são recomendações e cabe a você trocar a ordem e verificar se o timbre te agrada.
Uma recomendação básica que encontramos em qualquer literatura ou fóruns de discussões seria:
Guitarra: → Afinadores → Dinâmica ou Filtro (Booster, Wah-Wah, Compressor) → Drives(Overdrives, distorções) →Frequências (Equalizador) →Modulações (Phaser, Flanger, Chorus) →Ambiência (Delay e Reverbs).
Abaixo temos uma recomendação esquemática básica:
A fabricante japonesa Roland, que fabrica os pedais da marca BOSS, divulga a sua recomendação no gráfico abaixo:

A fabricante japonesa Roland, que fabrica os pedais da marca BOSS, divulga a sua recomendação no gráfico abaixo:

Uma breve explicação, em ordem na cadeia de pedais, sobre cada tipo que podemos ter:
Afinadores: Este pedal geralmente é colocado no inicio da cadeia, recebendo o sinal mais puro para facilitar a interpretação correta das notas tocadas. Muitos pedais afinadores podem funcionar como mute para a troca de instrumento. Outra opção seria usá-lo em um AB-box.

Afinadores
Filtros: São exemplos deste tipo de efeito os Auto-wahs e Wah-wahs. Este tipo de pedal pode ser usado antes ou depois da Distorção ou Overdrive. Particularmente prefiro antes, o efeito é mais natural e não tem frequências “gritantes” devido ao aumento de ganho da distorção ou do drive.

Filtros
Compressores: Como este efeito tem a função de aumentar a sustentação e trabalhar mais com a dinâmica do instrumento é recomendável que fique no inicio da cadeia. Além disso, colocá-lo após a Distorção ou Overdrive com certeza aumentará os ruídos e microfonias.

Compressores
Drivers e Distorções: Logo após os efeitos limpos e os filtros, podemos começar a posicionar os pedais de ganho. Não existe uma regra sobre como ordenar vários pedais de Drive ou Distorção. Eu prefiro colocar antes o Drive e depois os pedais de distorção. Nessa “praia” de Drive e Distorção existe uma infinidades de pedais, cabe a você experimentar e achar um que te agrade. Hoje em dia é muito comum reviews de pedais na internet, mas admiro os realizados por americanos e europeus que demonstram o produto de forma clara e honesta para aguçar a sua vontade.

Drivvers e Distorções
Boost: Teoricamente este pedal pode ser usado em qualquer lugar da cadeia e tudo dependerá de seu objetivo. Se quiser usar como um aumento de sinal para compensar perdas anteriores como cabos longos. Eu geralmente coloco ou no início da cadeia. Se a ideia é aumentar o volume para solos coloque-o no final após as Distorções e Overdrives, mas antes do Delay.

Boost
Noise Gate: Nós sabemos que quanto mais pedais de ganho colocarmos na cadeia, maior será o acúmulo de ruídos. Neste caso eu costumo associar na cadeia um Noise Gate após os pedais de Overdrive ou Distorção. A sua função é silenciar os sons que estão abaixo de um limiar determinado por você na regulagem.

Noise Gate
Equalização: A equalização pode ser posicionada em qualquer ponto da cadeia. Se quiser mudar a equalização do instrumento e depois aplicar os efeitos, coloque o Equalizador no inicio da cadeia. Se desejar aplicar a equalização sobre os efeitos, coloque-o no fim.

Equalização
Pitch-Shifter/Whammy: Pela minha experiência, estes efeitos devem ser colocados antes das Distorções ou Overdrives, pois quando colocados após geram timbres que não me agradam.

Pitch-Shifter / Whammy
Phaser/Flanger/Chorus: A maioria dos músicos usa estes efeitos de Modulação após a distorção, mas muitos também usam antes. Vai depender novamente de seu gosto pessoal e o timbre que você quer atingir. Mais uma vez afirmo: não tenha medo e experimente para decidir o que mais lhe agradar!!

Phaser/Flanger/Chorus
Volume: O Pedal de volume depende de seu objetivo, mas alguns fabricantes indicam colocar após o Equalizador ou após os Drives. Entretanto, muitos guitarristas usam como primeiro pedal do set. Se colocarmos antes do pedais de Drives e os pedais sendo analógicos poderíamos diminuir o Drive com o acionamento deste pedal.

Volume
Delay: Este deve ser usado como último pedal da cadeia, quando não se usar um pedal de Reverb. Digo isso porque o objetivo do Delay é repetir o som como um todo e colocar antes da Distorção trará sons desastrosos.

Delay
Reverb: Eu não acho que os pedais de Reverb devem ser ligados na cadeia, porque na minha opinião devem ser adicionados no send/return do amplificador. Caso seja ligado na cadeia, você verá que é complicado controlar seu efeito junto com pedais de distorção e modulações, mas ligue-o após o delay. Eu sinceramente prefiro o reverb do amplificador, mas posso mudar de ideia caso experimente um Reverb handmade que me agrade. Como pode ver, eu ainda continuo procurando efeitos que me surpreendam.

Reverb
Como considerações finais, gostaria de enfatizar que as fotos de pedais colocadas são apenas ilustrativas e muitos destes pedais eu nunca os testei, portanto não são sugestões. Claro que os pedais X-Killer (micro-pedais distribuídos pela SANTO ANGELO), que ajudei a desenvolver, são altamente recomendáveis, mas insisto que os testem antes para conferir se o timbre agrada.
Outro ponto importante diz respeito ao numero de pedais que você pode montar em um pedalboard. Tente colocar o mínimo possível para alcançar o seu timbre preferido, porque quantidade necessariamente não quer dizer qualidade. Alguns fabricantes costumar ter padrões próprios de alimentação dos pedais por ele fabricados e se for esse o seu caso, você vai ter outro grande problema para resolver, que é sobre a melhor fonte a ser adotada. E por falar em fonte, não economize na do seu pedalboard porque, mais uma vez, o barato pode sair caro e trazer muito ruído para o sinal.
Em posts futuros continuarei abordando sobre pedais, inclusive sobre fontes e controladores de pedais, pois também é uma maneira de diminuirmos ruídos e facilitarmos o uso, e no caso do controlador, sem termos que “sapatear” para ligar uns e desligar outros.
Um grande abraço a todos.
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